Você repara nas cores dos filmes? As cores têm um papel muito grande na nossa vida e a psicologia das cores acredita que cada cor tem um significado associado a um sentimento. Nos filmes, as cores estão presentes nos figurinos, nos cenários, nos personagens e elas são mais um artifício para fazer com que o telespectador entre na história. Não é difícil observar como elas atuam nos filmes, dependendo do contexto. Hoje eu fiz uma comparação de dois filmes que, apesar de terem histórias muito diferentes, tem uma paleta, um conjunto de cores bem parecido.
Em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Jean-Pierre Jeunet, 2002) conhecemos a inocente Amélie, interpretada pela atriz Audrey Tautou. Amélie deixa a casa da sua família no subúrbio e vai morar em um apartamento em Paris. Certo dia, ela encontra uma caixa escondida em sua casa e, pensando que ela pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou).
Ao encontrar Dominique, ela fica impressionada e passa a ver a vida de um modo diferente. Então, a partir de pequenos gestos, ela começa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua vida. Porém, ela ainda se sente sozinha. Até que um dia, ela encontra Nino (Mathieu Kassovitz).
Quem já assistiu ao filme, consegue perceber que as cores têm um grande papel na trama. Apesar do filme ser francês, a inspiração para a paleta usada veio do artista brasileiro, Juarez Machado. Tanto que no filme, aparecem alguns dos quadros do artista no quarto de Amélie. As cores mais presentes no filme são o verde e o vermelho, e o azul para criar contraste.
No filme, a cor verde mostra a imaturidade da relação de Amélie com Nino, seu amigo viciado em álbum de fotografias. A vida de ambos os personagens é um pouco sem graça e eles procuram algo para dar mais sentido à existência deles. A cor também traz a esperança do novo relacionamento que pode surgir entre eles.
Já o vermelho dá uma ideia de alegria, de amor. É uma cor simbólica que representa o processo de amadurecimento da personagem, sempre presente em objetos com relevância para as personagens. Além do contexto, também temos que perceber a combinação com as outras cores, por exemplo, o vermelho associado ao filtro amarelado do filme remete à visão otimista de Amélie da vida.
As cores utilizadas em Amélie Poulain são muito comuns nos filmes, variando conforme o contexto. Um exemplo disso é o que cores parecidas fazem no filme Coringa (Todd Phillips, 2019). No longa, Arthur Fleck, representado pelo vencedor de melhor ator do Oscar de 2020, Joaquin Phoenix, trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa se apresentar a uma agente social, devido aos seus problemas mentais.
Fleck tem uma risada nervosa, impossível de ser controlada. Seu comportamento estranho faz com que ele se sinta excluído da sociedade, sofrendo uma série de olhares e comentários sobre sua saúde mental. Voltando pra casa depois de ser demitido, três homens começam a implicar com ele, que, num ato de violência, os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) – pai do menino que se tornará o Batman – é seu maior representante.
Na trama, o roteiro cria uma personalidade para o Arthur que vai, com a influência da sociedade em que vive, se tornando um vilão. Nessa obra, o azul cria um tom melancólico e os tons terrosos assumem um papel de demonstrar a angústia que o personagem sente.
Ao longo do filme, as cores vão se transformando, ficando mas fortes com a “evolução” do personagem, que se tornará um dos piores vilões de Gotham. O vermelho em Coringa representa a agressividade do personagem, que vai se desenvolvendo durante a trama, ficando cada vez mais evidente. Já o verde pode simbolizar destruição, confusão, ou no caso, dar mais uma característica ao personagem.
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