Sempre que a gente lê um livro e gosta muito, já imagina uma adaptação pra ele, né? E se for fiel, melhor ainda!
Esse ano a Netflix lançou a adaptação do livro Por Lugares Incríveis da autora Jennifer Niven. Esse filme era muito aguardado por todos os fãs do livro e acabou decepcionando muitos, porque trata a história de forma superficial e sem o aprofundamento necessário dos personagens.
Para quem não leu o livro ou assistiu ao filme, a história é assim: Theodore Finch, interpretado por Justice Smith, é um adolescente com diversos problemas familiares e de comportamento e sofre bullying na escola por isso. Um dia, ele vê Violet Markey, interpretada por Elle Fanning, tentando se suicidar. Ambos têm passados difíceis e lutam diariamente para vencer seus monstros. Por causa de um projeto da escola, os dois se unem e vão conhecer as maravilhas de Indiana, cidade em que moram.
⚠️ Atenção: o livro e o filme podem ter gatilhos. Se você precisa de apoio emocional, entre em contato com o serviço gratuito de prevenção do suicídio, o Centro de Valorização da Vida, através do telefone 188 ou do site www.cvv.org.br
Aviso: tem spoilers
Eu achei que o filme ficou bem diferente do livro. É importante lembrar que um filme não precisa ser 100% fiel ao livro para ser uma boa adaptação, até porque livro e produção audiovisual são formatos diferentes. Mas, os personagens, o local e o enredo têm que ser o mais parecido possível, o que às vezes não acontece. Em Por Lugares Incríveis, eu percebi algumas coisas que estão presentes no livro mas que fizeram muita falta no filme:
Família do Finch
Tanto no filme quanto no livro, a família do Finch é muito importante na construção da personalidade dele. No filme, essa relação é bem pouco explorada. Seu relacionamento com o pai é apenas citado e ele só tem uma irmã presente, que aparece pouco.
No livro, além da irmã mais velha, também mostra o pai, a mãe e uma irmã mais nova, que têm um papel mais presente ao longo da história, explicando como o Finch se torna quem ele é.
Os transtornos mentais não são falados
A história do livro é sobre duas pessoas com transtornos psicológicos que se conectam e tentar se curar juntas. No livro, isso é bem claro. O ponto de vista dos dois personagens é intercalado e, com isso, conhecemos melhor a mente de cada um.
Eu assisti ao filme com o meu namorado (que não leu o livro) e pra ele o final não fez muito sentido. Parece que o Finch se mata meio que do nada, sem motivo. Quem tá assistindo tem que entender o que tá acontecendo nas entrelinhas. Já no livro, além da relação violenta do pai, é mostrado que o Theo tem bipolaridade, depressão e uma tendência suicida. É muito mais aprofundada a personalidade dele. Ele não é só um garoto um pouco diferente que quer deixar a garota que gosta feliz.
Relação Violet e Finch
No início do filme, vemos a Violet prestes a pular de uma ponte e Finch a encontra lá porque vai correr. No livro, essa cena acontece na torre do colégio e Finch a encontra porque eles estudam na mesma escola e também estava pensando em pular dali naquele dia.
Além disso, o relacionamento deles também é pouco trabalhado no longa. Eles se aproximam de forma quase automática, porque “era pra ser” ou qualquer clichê do tipo. No livro, a relação deles é baseada no sentimento de inadequação dos dois. A Violet sente muita culpa por ter sobrevivido ao acidente e o Finch tem doenças mentais. A aproximação dos dois acontece de forma mais lenta, mais próximo da realidade mesmo e eles criam uma forte ligação por isso.
Assim, na minha opinião, não foi uma boa adaptação. Você leu o livro ou viu o filme? Me conta o que achou!
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